









Por um consenso da equipe escolar, fizemos um trabalho diferenciado esse ano sobre a Páscoa,optamos por simplificar a data comemorativa no que diz respeito aos gastos com lembrancinhas (ovos de páscoa)e ao conteúdo trabalhado, não podemos perder de vista que a escola é laica.Aproveitamos para confeccionar bombons de leite ninho para a criançada, juntamos as turmas (JDI e JDII) e depois de lembrarmos as regras de higiene, lemos a receita e mãos a obra. Contamos com a ajuda da funcionária Mari que auxiliou na mistura do bombom. Tudo virou festa e brincadeira, os alunos fizeram os bombons e puderam comer a vontade, combinei com minha turma que comeríamos os docinhos após a merenda. Os alunos amaram, todos comeram. Foi muito proveitoso nossa aula de culinária.
Texto reflexivo: Gostei muito das ponderações que essa professora de uma escola pública de São Paulo fez em relação a festas organizadas nas escolas. Compartilho do mesmo pensamento.
"Na maioria dos eventos comemorativos, crianças apareceram uniformizadas pela escola, caracterizadas de coelhos da páscoa, outros de índio, Lógico que como uma boa mãe e um bom pai, não há como não se derreter de amor vendo aquelas crianças tão fofas vestidas assim… O que me chamou a atenção é que, em uma grande parte das escolas de educação infantil, datas comemorativas como as mencionadas, são ainda trabalhadas de maneira pouco crítica e bastante padronizada. Quero dizer: as crianças colocam orelhas de coelho, são pintadas de índio, cantam uma música, etc. e voltam pra casa com ovos de chocolate e histórias sobre o “caça aos ovos” para contar… O que há de errado nisso? Onde quero chegar? É só uma vez no ano, que mal pode ter? Bom, não é exatamente essa a discussão… Por isso, pais e mães, peço licença agora para me direcionar aos educadores e gestores das escolas. Qual o papel da escola? Qual sua prioridade? Reproduzir discursos sociais, tantas vezes embutidos de preconceitos e legitimados por uma sociedade manipuladora, consumista, etc.? Qual a visão da escola sobre a sociedade atual? Quem queremos formar? E quem estamos, de fato, formando? Como as crianças se inserem no mundo como sujeitos históricos? O que estamos fazendo para contribuir com sua formação global? Qual o papel das mídias sociais, da sociedade da informação, no desenvolvimento psíquico das crianças? Como lidar, como explicar, como “formar” os pais também? Como “convencê-los” de que o projeto político pedagógico de vocês entende as datas comemorativas de um modo crítico e reflexivo, por exemplo? Muitas razões claras e práticas podem ser pensadas para justificar uma mudança de postura, se este for seu caso. Critérios e argumentos usados pela escola para não comemorar de maneira tradicional algumas datas: – Não se comemora datas religiosas. A escola pública é parte do Estado, portanto é laica, não tem religião. Assim sendo, datas que estejam vinculadas diretamente com qualquer religião ou santos católicos devem ser questionadas, revistas e transformadas. Não há como a escola privilegiar uma religião em detrimento da outra ou mesmo ignorar que muitas pessoas não têm religião, simplesmente. – Não se comemora datas afetivas ou familiares, como, por exemplo, dia das mães. Datas assim podem ser transformadas em ocasiões que respeitem todos os tipos de famílias e arranjos familiares. – Não se comemora datas que legitimem o consumismo ou que “incentivem o consumismo desenfreado” . O risco das crianças entenderem que expressão de afeto está necessariamente vinculado ao valor do presente parece algo que não só preocupa, como deve ser combatido e evitado a qualquer custo em um espaço de formação de pessoas. – Não se comemora de “maneira superficial datas que tratam de maneira estereotipada a luta de outras culturas”– por exemplo, o dia do índio. Como as professoras explicam: “Não faz nenhum sentido comemorar o Dia do Índio com um desenho no rosto ou reforçando ideias que nem existem de fato quando ignoramos, todos os dias, a matança dos povos indígenas que ocorre em nosso tempo, em nossa época, nas lutas por terra e recursos naturais em nosso país; não faz sentido comemorar o Dia da Mulher entregando uma rosa de papel sem discutir a opressão da mulher na nossa sociedade; não faz sentido comemorar o Dia da Consciência Negra com um discurso vazio quando alimentamos práticas racistas em nosso dia a dia sem perceber, por não conseguirmos fazer uma discussão séria sobre o assunto. Por isso, tratamos com muito respeito e seriedade todos esses temas e as lutas dessas pessoas, e procuramos não reforçar preconceitos e ideias que só atrapalham a compreensão das crianças sobre a razão de se homenagear índios, negros, mulheres e outros grupos de excluídos nesses dias especiais”. Por fim, não devemos comemorar datas históricas de maneira pouca crítica, por exemplo, elas citam o “descobrimento” do Brasil desconsiderando que tinham índios aqui antes da chegada dos portugueses… A História, como ciência humana, também deve ser questionada por sua ideologia e o modo como tudo o que está passado pode formar nossas crianças. As datas devem ser significativas para as crianças. A escola é local de festa, sim! A escola é local de alegria e comemoração, sim! Mas, como? Com quais critérios? Repito e questiono novamente: quem queremos formar? Que sociedade queremos para nós? Quais os valores estão sendo formados, legitimados, encucados nas crianças desde a mais tenra idade? As reflexões feitas pelos professores da escola pública , me faz pensar e acreditar num ensino de qualidade, comprometido com o que a Educação tem de mais belo e encantador: sua capacidade de transformação. Seu potencial libertador, transformador.
Esse texto foi tirado do blog ouvindocriancas.com.br e achei muito pertinente.
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